sexta-feira, fevereiro 23, 2007

 




O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira,
a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Autopsicografia
Tom Jobim
Composição: Fernando Pessoa

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